terça-feira, 18 de novembro de 2014
domingo, 16 de novembro de 2014
ACERCA DAS CONTROVÉRSIAS CRISTIANAS ( CRISTIANISMO )
Por Taciano Cassimiro
Pasme
ou não as controvérsias no cristianismo nasceram muito cedo. Já no primeiro
século os apóstolos e presbíteros reuniram-se para tratar de assuntos
concernentes a lei e ingressão dos novos conversos a fé em Cristo, Concílio de
Jerusalém ( At 15 ). Após o período apostólico as mais diversas controvérsias surgiram,
destacamos: a novaciana ( sobre o perdão de pecados graves após o batismo ); a
donatista ( sobre a natureza da igreja, todos devem ser rebatizados e fazerem
parte do donatismo ); o ebionismo ( Jesus é filho de José e Maria, mas foi adotado
por Deus. Conhecemos essa crença como adocionismo ). Nesse período grandes teólogos surgiram: Justino Mártir (
100-165 ); Basílio, O Grande, de Cesaréia ( 370-379 ), e Agostinho de Hipona (
354-430 ) um dos maiores teólogos e filósofos da igreja que lutou contra o
pelagianismo, o donatismo e o maniqueísmo que dentro de seu sistema de crença defendia
o dualismo, bem vs mal. Essa crença anda muito presente nos círculos evangélicos,
a ponto de as vezes se ter a impressão, de que não pode existir Deus sem o
diabo, pois tudo que se fala tem o coisa ruim no meio.
Nos
períodos conciliares a igreja travou embates sobre doutrinas que hoje são
aceitas por nós como fundamentais, e sua importância é tão relevante que a
aceitação ou não de tais doutrinas (Trindade, Cristo verdadeiro homem e
verdadeiro Deus, união hipostática das naturezas, O Espírito Santo é Deus
verdadeiro ) são determinantes para afirmarmos ser um seguimento seita herética
ou não. Dentre os concílios que ao todo foram vinte e um (incluo os concílios
pós Reforma), destacamos o de Nicéia ( 325 ); Constantinopla ( 381 ) e Éfeso (
431 ) por terem tratados de assuntos basilares de extrema importância como a
natureza de Cristo e sua divindade entre outros.
Na
Reforma Protestante as controvérsias continuaram: batismo ( aspersão, imersão,
batismo infantil ); governo da igreja ( presbiteriano, episcopal ou
congregacional ); doutrina da predestinação
e livre-arbítrio; o sacramento da ceia ( transubstanciação, consubstanciação, simbólica
ou espiritual ). Nesse período de não pouca duração destacamos alguns
personagens como Martinho Lutero ( 1483-1546 ); João Calvino ( 1509-1564 );
Jacó Armínio ( 1560-1609 ). Da Reforma até nossos dias temos ainda Willian Perkins, Jonathan Edwards, Charles
Hodge, Karl Barth, John Gresham Machen, George Lad, Roger Olson e tantos
outros.
Pois bem, meu propósito
foi mostrar que as controvérsias fazem parte do cristianismo e sua história.
Contudo o que me assusta são os embates atuais. Principalmente nas redes
sociais onde surge os “ teólogos facebook ” que nenhuma consideração tem por
seus irmãos, pois a ideia é desqualificar o outro por meio do debate, é vencer ou vencer. Geralmente tal debate é
desprovido de conhecimento histórico, cultural, gramatical e teológico. Ainda citamos
a falta
de respeito que é uma
constante. Homens conhecidamente piedosos, que estudaram e se
especializaram na Palavra de Deus para melhor instruir o rebanho são taxados de
“ velho gagá “, “ esclerosado “, “ frio “, “ sem o Espírito “ por noviços , e por aqueles
que nada ou quase nada estudaram e se consideram expert em teologia, Bíblia. Debates que só fragiliza o corpo de Cristo, promotor de cizânia e muitas vezes a perda de afeto e amizade. Precisamos entender que mesmo
na controvérsia é preciso haver respeito e caridade. Unidade no essencial, liberdade no
secundário, caridade em tudo.
As controvérsias não são ruim em si mesmas,
embora elas possam vir acompanhadas de divisões. Na história elas nos
proporcionaram a oportunidade de pesquisar e fundamentar melhor as doutrinas essenciais
da fé. Acredito que precisamos olhar o lado positivo das controvérsias. As mesmas
não precisam dividir-nos. Separar batistas, presbiterianos, assembleianos e luteranos. É possível
convivermos em paz, e compartilharmos o que nos une.
Em minha peregrinação tenho ministrado em
igrejas batistas, assembleias de Deus ( diversas ramificações ), luteranas,
metodistas. Adoro ao Senhor pelas oportunidades recebidas para compartilhar o
amor, a fé e a esperança em Cristo, sem barganhar a verdade. Porém procurando
sempre me conduzir entre os santos com sabedoria e sensatez.
Que Deus nos ajude!
Taciano Cassimiro, é líder da
Igreja Presbiteriana de Tailândia. Bacharel em Teologia, palestrante e
escritor. Leciona História, Sociologia e Filosofia.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
ESTUDO SOBRE ORAÇÃO
Por
Taciano Cassimiro
Ministrado na Igreja Presbiteriana de Tailândia
11/11/2014
Falar sobre oração é
fácil, difícil é pratica-la, é torna-la real em nosso dia a dia. Contudo somos
ensinados nas Escrituras a orar sem cessar, 1 Ts 5.17.
Cristo Jesus é nosso
exemplo maior, é nosso modelo de oração. Jesus começa sua vida pública,
ministério, em oração. Vive seu ministério e relacionamentos com seus
conterrâneos e discípulos, sem se descuidar da oração. É por isso que o
encontramos por diversas vezes orando em lugares solitários ( Lc 5.16 ); no
monte ( Lc 6.12; 9.28 ); em particular ( Lc 9.18 ); de madrugada procurou um
lugar deserto para orar ( Mc 1.35 ); orou no jardim ( Mt 26.36-39 ). Jesus
também termina sua vida pública e ministério terreno orando na cruz ( Lc 23.46
).
Jesus não está nos
ensinando que o lugar adequado de orar seja o deserto, o monte, o jardim ou
pendurado em uma cruz. Está nos ensinando que temos que orar, buscar o Pai em
todo tempo.
Afinal de contas o que é oração?
Alguns servos de Deus na história
definiram de diversas maneiras, mais sempre enfatizando o relacionamento
pessoal com Deus:
Ø
John
Bunnyan - "Oração é um sincero,
sensível e afeiçoado derramar do coração ou alma a Deus, através de Cristo, no
poder e assistência do Espírito Santo; tais coisas, como Deus tem prometido ou
de acordo com a sua Palavra, existem para o bem da Igreja com submissão em fé
para com a vontade de Deus".
Ø
Wayne
Grudem – Oração é comunicação com Deus.
Ø
João
Calvino – O principal exercício da fé, mediante a qual recebemos diariamente os
benefícios de Deus.
Nos dias em
que vivemos a oração pode ser definida como “ O que se faz quando não se pode
fazer mais nada “. Alguns perderam a noção do que é oração que chegam a dizer “
Vou aproveitar que não estou fazendo
nada e vou orar “.
O Catecismo
Maior de Westminster na pergunta 178. Que é oração? Responde da seguinte
forma:
Oração é um oferecimento de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias.
Sl 32:5,6;62:8; Dn 9:4; Jo 16:23,24; Rm 8:26; Fp 4:6.
Oração é um oferecimento de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias.
Sl 32:5,6;62:8; Dn 9:4; Jo 16:23,24; Rm 8:26; Fp 4:6.
Com base no Catecismo vamos trabalhar alguns
pontos:
1. Por meio da oração entregamos nossos desejos nas mãos de
Deus
De fato somos ensinados nas Escrituras a buscar
a vontade do Pai, pois Ele sabe o que de fato necessitamos, e deseja nos
conceder o melhor Lc 11.13. Assim em oração devemos lançar toda a nossa
ansiedade sobre o Senhor ( 1 Pd 5.7 ).
A oração não é pra fazer Deus realizar a nossa
vontade, mas manifestar a vontade Dele. Contudo ele nos ensina a perseverar em
oração ( Lc 11.9-13 ).
Quando entregamos nossos desejos nas mãos de
Deus precisamos confiar N”ele, é por isso que João Calvino dizia “ ...assim
prostrados e subjugados de verdadeira humildade, sejamos, não obstante,
animados a orar, com segura esperança de alcançar a resposta “.
Não esqueçamos a regra de ouro “ Pai seja feita
a tua vontade “.
2. A oração deve ser em nome de Cristo
Alguns chegam afirmar que em toda oração você
tem que terminar com “ ...em nome de Jesus” se não terminar assim Deus não
responde, a oração não existiu. Não encontro esse legalismo nas Escrituras.
O Catecismo acredito que ajuda a entender bem
essa questão na pergunta 180.
O que é orar em nome de Cristo? Resposta: Orar em nome de
Cristo é, em obediência ao seu mandamento e em confiança nas suas promessas,
pedir a misericórdia por amor dele, não por mera menção de seu nome; porém
derivando o nosso ânimo para orar, a nossa coragem, força e esperança de sermos
aceitos em oração, de Cristo e sua mediação.
Dn 9:17; Mt 7:21; Lc 6:46; Jo 14:13,14; I Jo
5:13-15; Hb 4:14-16.
Portanto, necessariamente a oração não precisa
terminar com “ em nome de Jesus “ , mas ser feita do início ao fim na sua
dependência, confiando somente N’ele, em sua graça, poder e misericórdia.
Oração das boas é a que reconhece a soberania
de Deus, que está disposta a fazer a vontade do Pai, marcada pelo perdão, pela dependência
de segurança e, que reconhece que o poder e a glória pertencem ao Senhor.
3.
A oração com auxílio do Espírito Santo
Mais uma vez o Catecismo nos ajuda a compreender esse ponto
na pergunta 182. Como o Espírito nos ajuda a orar? Resposta:
Não sabendo nós o que havemos de pedir, como
convém, o Espírito nos assiste em nossa fraqueza, habilitando-nos a saber por
quem, pelo quê, e como devemos orar; operando e despertando em nossos corações
(embora não em todas as pessoas, nem em todos os tempos, na mesma medida)
aquelas apreensões, afetos e graças que são necessários para o bom cumprimento
desse dever. Sl 10:17;80:18;Zc
12:10; Rm 8:26.
O Espírito Santo não ora por nós, em nosso lugar. Mas que o Espírito se
une a nós e transforma nossa oração em oração eficaz.
A Bíblia diz que:
Exultamos no Espírito Santo ( Ef 6.18 ); resolver ou decidir algo no
Espírito ( At 19.21 ); consciência testemunhando no Espírito ( Rm 9.1 ), ter
acesso a Deus no Espírito ( Ef 2.18 ).
Os textos apontam para união, cooperação do Espírito sem a qual não
poderíamos ter êxito em nossas orações.
4.
A oração é um momento de confissão
Na oração do Pai nosso está bem explicito ( Mt 6.12 ) que devemos
pedir perdão pelas faltas cometidas. Isso nos remete a ideia de comunhão, pois
uma vez purificados mais próximos estamos do Senhor. Deus nos chama a comunhão
a todo tempo ( Ap 3.20 ).
Em 2 Crônicas 7.14 é dito que “ E
se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a
minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e
perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. 2
Crônicas 7:14.
O
desejo do Senhor é perdoar nossas faltas, por isso em oração devemos confessar
nossos pecados. O
que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e
deixa, alcançará misericórdia. Provérbios
28:13. As vezes esquecemos de confessar algum pecado especifico, sendo assim,
não esqueçamos da oração de Davi “Quem pode entender os seus erros? Expurga-me
tu dos que me são ocultos” Salmos 19:12.
Embora na oração possamos também interceder e adorar, é imprescindível
a confissão, pois é por meio da confissão que obtemos perdão e a comunhão com o
Senhor.
5.
A oração meio para expressar gratidão
É obvio que Deus não precisa ser bajulado. Ele não pede de nós vãs
repetições que massageei o “ego divino” , que lembre a Ele que é bom, gracioso
e misericordioso. Nossa gratidão em oração deve partir de um coração sincero,
quebrantado. Devemos nos espojar de” ....todo pensamento de glória própria,
despir-se de toda noção de dignidade ( própria )... “ João Calvino.
Podemos então cantar as misericórdias do Senhor Salmo 136.1-26.
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